Alagoas vem colecionando nos últimos anos números que envergonham o Estado em diversas áreas, é campeão de homicídios, de analfabetismo, é um dos três piores nos índices sociais e tem a pior distribuição de renda do Brasil.
Na semana passada um dado curioso, que deveria a primeira vista ser comemorado, mostra como é espantosamente cruel a distribuição de renda no Estado e o quanto é enorme o fosso entre ricos e pobres.
Um gráfico publicado na Revista Veja, durante uma matéria sobre o empresário Eike Batista, mostra que Alagoas é o segundo do Brasil no número de crescimento de milionários, este número cresceu 61% nos últimos oito anos.
Contrastes nos números
[singlepic id=3210 w=320 h=240 float=left]O “crescimento de milionários” se dá no mesmo período em que o Estado tem os títulos de estado menos alfabetizado do Brasil, de acordo com os dados do IPEA, é o Estado mais pobre do país, de acordo com o PNAD e tem o menor IDJ do país.
Se você se confundiu com todas as siglas saiba que o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada faz estudos sobre a área de desenvolvimento e em 90% deles Alagoas está em último desde o início das análises.
O PNAD é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e entre todas as últimas pesquisas, Esgotamento Sanitário, Oferta de Emprego, Trabalho Infantil, em todas elas Alagoas é o último.
Já o IDJ, é Índice de Desenvolvimento da Juventude e o resultado divulgado no final do ano passado é devastador; Os jovens alagoanos vivem em famílias com a menor renda per capita do País, têm os piores índices de educação e também não vão bem em saúde. Para cada 100 mil jovens, 138 são assassinados.
Como se não bastasse o Ministério da Educação divulgou a cinco meses os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e Alagoas foi o Estado que obteve as piores notas e o IBGE no início deste ano constatou que Alagoas está abaixo da média do Nordeste nos indicadores de bens de consumo ligados à tecnologia da informação, como número de domicílios com telefone fixo, com celular e com computador – os porcentuais são de, respectivamente 20,2%, 27% e 5,5%
Foi do IBGE também os números que colocam Alagoas como o pior Estado em distribuição de renda e conseqüentemente onde existe um maior abismo entre pobres e ricos.
Menor investimento em cultura
Somam-se a estes dados o da Confederação Nacional de Municípios, que divulgou os dados do levantamento sobre os investimentos em cultura feitos pela União, Estado e municípios.
Segundo a pesquisa, Alagoas é o estado que possui o menor investimento em cultura.
Outro dado, que explica contrastes tão evidentes, é do IBGE que em 2006 fez o Censo Agropecuário, mostrando que Alagoas também é o que mais concentra terras na mão de poucos donos.
– É uma concentração gigantesca, é imoral. Esse dado dá força para a reforma agrária, o único programa que faz redistribuição de patrimônio – afirmou a socióloga Brancolina Ferreira, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na área de desenvolvimento rural.
Os números reforçam a tese de que além do crescimento do crack, e de outros fatores como a migração de alguns líderes do tráfico, o enorme fosso social entre ricos e pobres em Alagoas é sim um dos responsáveis pela explosão da violência no Estado.
Fonte: Agências