A coordenadora da rede de doenças crônicas de Arapiraca, Joana D’arc, explicou que o plano de oncologia do município é vinculado ao do estado, e que o direcionamento para um dos dois prestadores de serviços, oChama ou Afra Barbosa, é feito a partir do atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS).
Nos postos, o município disponibiliza mamografia e citologia para as mulheres e o PSA para os homens, além dos exames de rotina. “Não existe nenhuma dificuldade na marcação desses exames, a demanda é livre, mas o que acontece é que as pessoas têm medo do diagnóstico do câncer e muitas vezes não avançam quando os exames iniciais apontam alguma suspeita“, explicou Joana.
Para diminuir a estatística, a Secretaria de Saúde de Arapiraca tem uma programação para capacitar e atualizar a população e também os profissionais da área, como médicos, enfermeiros e agentes comunitários. “Saúde está ligada à educação, então não adianta eu falar sobre a patologia em si, eu preciso abordar com a população a pré patologia, em como identificar o nódulo de em uma mama, por exemplo“, disse a coordenadora.
“Vamos desmistificar a ideia que paciente com câncer é aquele que vai morrer amanhã, porque com um prognóstico o câncer tem tratamento e tem cura“, garantiu.
Além do câncer, a rede de doenças crônicas de Arapiraca também trabalha com hipertensão, diabetes, cardiopatias e doenças renais.
Mudança de hábitos
A oncologista Bertha Catherine Araújo Mendes, responsável técnica pelo setor de oncologia do Complexo Hospitalar Manoel André (Chama), afirmou que a mudança de hábitos alimentares, fatores externos e exames frequentes podem reduzir o ranking.
“30% dos tumores poderiam ser evitados com hábitos alimentares e mudanças de estilo de vida. Esse número não é achismo, é evidência”, disse a médica. “Uma dieta rica em verduras, frutas, fibras, com redução de carne vermelha e produtos industrializados reduz bastante alguns tipos de tumores, como estômago e intestino“.
Questionada sobre os fatores genéticos, Bertha explicou que apenas 10% das neoplasias são hereditárias e que a maioria é esporádica.
Sobre as causas externas, a oncologista foi taxativa que a maior delas é o tabagismo, que apesar de estar diminuindo, ainda atinge diversos lugares como pulmão, laringe, boca, bexiga, mama, estômago e pâncreas.
Além do tabagismo, a radiação ionizante também provoca e apesar de não conseguir evitar, a população pode melhorar com o uso de filtro solar, por exemplo. “O câncer de pele não é o mais perigoso porque não mata tanto, mas é o mais comum“.
“O grande segredo é descobrir a doença precocemente, para isso é necessário ter conhecimento total do próprio corpo, porque o ele dá sinais“, disse.
A médica explicou que se descobrir um câncer de mama na fase inicial, por exemplo, tem 95% de chances de cura. Agora se mascarar os sintomas e for levando, esse número diminui para 20 a 30%.
“Diagnóstico precoce é igual a cura”, afirmou Bertha.
A oncologista disse que o governo precisa sentar com a população, pois é um trabalho educacional. Ela relembrou, inclusive, que a maior causa das mortes de crianças era a diarreia e o que mudou não foi antibiótico, mas a educação, ou seja, frutas e mãos lavadas, ferver a água, enfim, foram atitudes que mudaram uma história, e justamente isso pode ser feito em Arapiraca, atividades educacionais que muitas vezes podem não aparecer para a população, mas mudam indicadores.