Alvo de constantes atrasos e cortes no orçamento por parte do governo federal, as cooperativas que operam o programa do leite (Cafisa, Aagra, Coopaz, Pindorama e CPLA)buscam saída para manter o programa com maior autonomia. Nesta segunda-feira,16, a pauta ganhou o apoio do setor produtivo do estado durante reunião com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Alagoas (Faeal), Álvaro Almeida.
Funcionando com a base de R$ 3 milhões por mês, o Programa só está garantido, com recursos disponíveis, até 31 de julho, apesar do contrato assinado entre governo federal e Estado até julho de 2019. Mesmo após a renovação do convênio, os recursos Na ordem de R$7,5 milhões ainda não foram liberados, o que vem preocupando os 3 mil pequenos produtores e quilombolas que não possuem alternativa para comercializar o leite produzido no semiárido de Alagoas.
O presidente da Faeal, Álvaro Almeida, saiu em defesa do programa o classificando como maior incentivador da atividade leiteira e importante para manutenção da agricultura familiar no Estado. “Vejo como um vetor substancial na em sua proposta inclusão econômica, do qual que tenho certeza que não será suspenso. Nesse momento de incerteza política no país temos uma oportunidade para amadurecermos mais esse Programa, que é incontestável em sua dimensão social e econômica. Vamos ao sacrifício, mas não podemos entregar os pontos“, avaliou Almeida.
As cooperativas, com apoio do setor produtivo, vão levar a demanda documentada, com todos os impactos e pleitos para aporte de recursos para o funcionamento pelo menos até março de 2019, à uma audiência com governador Renan Filho na próxima quinta-feira,19.
“Em meio a alguns impedimentos da legislação tememos pelo não repasse desse recurso. Com isso, o programa já paralisa em 1º de agosto, só podendo retornar após as eleições. Esse desaceleramento vai sobrepor a um retrocesso geral. Não podemos dizer ao produtor que saia do ramo, que vá vender o leite a setenta centavos. De dez laticínios cadastrados, pelo menos seis fecharão as portas. O governador tem nos ajudado bastante, inclusive esse ano que só funcionou graças a antecipação da contrapartida. Acreditamos que só ele, nesse momento, pode nos ajudar“, revelou o presidente da CPLA, Aldemar Monteiro.
Solução
Cerca de R$ 10 milhões serão solicitados ao estado como contrapartida estadual. Para a presidente da Cafisa, Luciende Gadi, de Pão de Açúcar, a suspensão do Programa do Leite significa o mesmo que situação de miséria para seu grupo de 90 produtores. “É passar fome. Hoje o Programa é a única renda certa que temos. Questão de sobrevivência para nós que não temos como montar uma logística de venda“, disse.
Com uma redução substancial no volume de coleta nos últimos anos, de 80 mil litros para 50 mil litros, além das sucessivas crises, o pequeno Produtor convive com a ameaça real de destruição de diversos postos de trabalho no campo. “Nosso desejo é resolver esse impasse além de tranquilizar os produtores e as 80 mil famílias que contam com esses quatro litros leite por semana. Isso só vai ser possível quando tivermos uma política definida sobre esse programa que é fantástico“, pontuou Klécio Santos, presidente da Pindorama.
Alguns exemplos bem sucedidos de execução do programa no Nordeste e no sul do país foram citados , durante a reunião com o setor produtivo, como forma de modelo para a implantação de um novo momento. Os exemplos de destaque correspondem aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O último conta com o volume de 176 mil litros por dia financiados pelo governo estadual. Além da Faeal, as cooperativas também vão em busca da contribuição da Federação das Indústrias de Alagoas (Fiea).