Presidente da Associação Paulista de Psicologia no Esporte, o psicólogo João Ricardo Cozac afirmou que a desistência de Simone Biles da final individual geral da ginástica artística feminina nas Olimpíadas de Tóquio é “um marco para o esporte mundial e sinal de alerta vermelho”. A decisão da americana de 24 anos foi para priorizar sua saúde mental, por se sentir pressionada com o status de principal estrela dos Jogos Olímpicos.
“Com uma experiência próprio dura, angustiante e dolorida, ela traz o retrato do que muito atletas vivem silencionamente. É o retrato do desequilibrio das emoções na tentativa de adaptação às exigências de um esporte de alto rendimento“, “Esse caso é um alerta mundial às exigências que o esporte de alto rendimento traz. É o momento de olhar para o lado mais humano dos atletas. Antes de existir um atleta, existe um ser humano. Ele não se separa do seu desenvolvimento emocional“, prossegue.
“A atitude da Simone [Biles] precisa ser valorizada, reconhecida e respeitada. Não é mais um sinal amarelo, é um sinal vermelho diante da exigência de se trabalhar os aspectos emocionais dos atletas. O esporte de alto rendimento está longe de ser um lugar saudável“, afirma o psicólogo.
Biles chegou a usar sua conta nas redes sociais para desabafar. Ela firmou que sente “o peso do mundo nos ombros” e “as Olimpíadas não são uma brincadeira“. Cozac explica que o peso da fama e das expectativas é quase insuportável para alguns atletas. “Todas essas demandas atuais também no caso da ginástica dos Estados Unidos, que teve recentemente o escândalo de assédio sexual, somam com o peso de todos esperando que a Simone Biles pudesse ser o grande nome desta edição das Olimpíadas. Tudo isso acabou ficando muito pesado”, diz.
Com: sbt.com.br