Tudo bem explicado para você ficar por dentro do que é melhor para você e para sua empresa em relação as férias que são de direito do trabalhador.
por Liv Soban e Lucas Toyama
Com equipes cada vez mais enxutas, as empresas têm relutado em deixar seus funcionários se ausentarem por 30 dias consecutivos. Chegam as férias e o dilema é sempre o mesmo: como deixar todo mundo satisfeito e permanecer dentro [singlepic id=2913 w=640 h=425 mode=watermark float=right]da lei? Pela legislação trabalhista, as férias de 30 dias são benefícios do contratado e não do contratante e, assim, são eles, os funcionários, que escolhem como querem dividir seu descanso. Mas quando a empresa sugere como deve ser feita tal repartição, cria-se um impasse. Um perigo para a companhia e para o funcionário.
De acordo com a lei, os 30 dias podem ser divididos, desde que os períodos de descanso sejam maior ou igual a 15 dias. Qualquer combinação que desrespeite esse limite é considerada ilegal – já que descaracteriza o benefício das férias – e pode ser uma fonte de dor de cabeça futura para as companhias.
Seja qual for a divisão acordada pelas partes, é recomendável que empresa faça um contrato no qual esteja especificada tal decisão. “As empresas que não fizerem um bom contrato, provando que não tirar os 30 dias corridos foi uma opção do funcionário, darão abertura para serem processadas futuramente”, explica Luiz Fernando Pereira, advogado trabalhista.
O funcionário também pode escolher por tirar 15 ou 20 dias e vender o período restante, prática conhecida como férias rentáveis. Para a analista de contas a receber da PUC-SP, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Andreza Carvalho Moreira, 20 dias são o suficiente para relaxar e, desta maneira, vende o restante das férias a que tem direito ou aproveita para vendê-lo com intuito de colocar a vida em ordem. Para ela, as férias completas são úteis apenas quando planeja fazer alguma grande viagem – opção não muito apreciada pelo seu superior. Os motivos do chefe de Andreza são os mesmos da maioria dos coordenadores: com déficit de pessoal, é natural a queda de produtividade do departamento e o aumento de fluxo de trabalho para quem fica. A analista entende a preocupação de seu superior porque também gerencia uma equipe pequena e, assim como ele, prefere que os funcionários escolham por vender 10 dias ou fazer dois períodos de 15, por exemplo.
Estar em conformidade com a lei é importante, mas essa preocupação, quando exagerada, pode deixar num segundo plano algo fundamental e que, na teoria, é a finalidade principal das férias: a saúde dos colaboradores e, conseqüentemente, sua produtividade. O Coordenador da Medicina do Trabalho do Hospital Samaritano, Cláudio Arraes, comprova a preferência de Andreza. “Durante minha experiência de 31 anos nesta área, pude perceber que, apesar dos 30 dias serem o ideal, 20 dias podem ser o suficiente para o colaborador relaxar”, explica.
Segundo ele, o corpo leva 10 dias pra começar a liberar o estresse e a ansiedade e mais 10 para se renovar, pelo menos. Ou seja, com 15 dias, o funcionário pode voltar ao trabalho ainda com sintomas de cansaço e, neste caso, é necessário que ele tire o segundo período ao invés de vendê-lo. E a opção de três períodos de 10 dias, além de contra lei, faz mal para a saúde e, consequentemente, à produtividade. “As empresas têm que saber dosar a divisão das férias, porque, muitas vezes, vale a pena ficar 20 ou 30 dias sem o funcionário e saber que, quando ele voltar, terá um desempenho muito maior”, explica Arraes.
Portanto, seja qual for o tempo escolhido, use suas férias pra realmente descansar e relaxar. Isso, com certeza ajudará a injetar ânimo no retorno ao seu trabalho, melhorará resolução de suas atividades e o convivio com as pessoas.