Enquanto isso, várias arenas do Mundial se firmam como elefantes brancos e dão prejuízos milionários ao país
Por divulgação: VEJA
Se no Brasil várias arenas da Copa do Mundo estão sendo pouco utilizadas e dão prejuízo, para a Fifa, o Mundial de 2014 trouxe lucros jamais vistos. De acordo com jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira, a entidade que rege o futebol mundial obteve um resultado financeiro muito acima do esperado com a realização da Copa do Mundo no Brasil. O relatório, que será aberto ao público na sexta-feira, aponta que o Mundial rendeu à Fifa perto de 5 bilhões dólares (cerca de 16 bilhões de reais), um recorde absoluto.
Alheia à crise financeira mundial, a Fifa firmou contratos milionários referentes ao evento no Brasil, entre 2010 e 2014. Só no ano passado, a renda da entidade foi de quase 2 bilhões de dólares, em contratos comerciais, vendas de ingressos e direitos de televisão. Nenhum outro evento jamais se comparou aos ingressos gerados pelo Brasil, e sem a cobrança de impostos. Para a Copa de 2010, na África do Sul, a renda chegou a 4,1 bilhões de dólares.
A entidade argumenta que deixou parte dessa renda ao Brasil, com um pacote de 100 milhões de dólares para o desenvolvimento do futebol no País. O valor, no entanto, é equivalente ao que a Fifa paga, por ano, em salários a seus próprios cartolas.
Contraponto – O futebol brasileiro, por sua vez, vive uma realidade financeira bem diferente. De acordo com a reportagem do Estado de S.Paulo, pelo menos seis dos 12 estádios da Copa estão com sérias dificuldades para se financiar. Na Fonte Nova, em Salvador, o problema é o impacto dos escândalos de corrupção no Brasil e a Operação Lava Jato. A OAS, empresa que administra o estádio, teve suas ações bloqueadas pela Justiça e pode ser obrigada a se desfazer do investimento na arena.
Em Manaus, os times locais têm evitado usar a Arena Amazônia diante dos custos para os jogos do Estadual. O estádio, que custou 670 milhões de reais, precisa de 700.000 reais por mês em manutenção. Mas, entre o final da Copa e fevereiro deste ano, o estádio recebeu apenas sete partidas e o prejuízo supera a marca de 2 milhões de reais. Em média, o campeonato amazonense de futebol de 2015 tem recebido um público pagante de 659 pessoas por jogo.
Em Brasília, a falta de jogos no Mané Garrincha levou o governo do DF a transferir escritórios para ocupar o local. Hoje, o estádio acumula prejuízo de 5 milhões de reais.
Em Natal, o ABC rompeu nesta semana um acordo com o consórcio que administra a Arenas das Dunas. Um contrato previa que os clássicos do Estado fossem realizados no estádio. Mas, no início do mês, a partida entre ABC e América foi disputada no Frasqueirão. O América manteve seus jogos na Arena. Mas, em sete partidas, acumulou uma média de meros 3.500 pagantes por jogo – 10% da capacidade do estádio.
O Maracanã ainda luta para operar com lucros. Para que uma partida represente um benefício para os administradores, o estádio precisa contar com pelo menos 30.000 torcedores. No atual campeonato estadual, a média de público não passa de 3.600 torcedores por jogo. No caso do Flamengo, a média é de 16.000.
Em janeiro, a Arena Pantanal foi obrigada a fechar suas portas para uma reforma “urgente”. Isso tudo poucos meses depois da Copa.