Na OAB/AL, moradores do Cidade Sorriso denunciam truculência da Polícia Militar
Conteúdo publicado por Divulgação em: 16/01/2014 às 20:00h.
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Com ASCOM – OAB/AL

Segundo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, Daniel Nunes, há total desvirtuamento das bases de Polícia Comunitária no Estado.

Moradores do conjunto Cidade Sorriso, no Benedito Bentes, denunciaram, na manhã desta terça-feira (14), casos de truculência que a comunidade vem sofrendo no local por parte de policiais durante operações. Segundo eles, acontecem, constantemente, invasões às residências no período da noite, prisões arbitrárias de moradores e ameaças. Os moradores também cobraram políticas sociais consistentes para a comunidade, para evitar o avanço das drogas.

Eles se reuniram, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB/AL), Centro, com integrantes da Comissão de Direitos Humanos da instituição; das secretarias de Estado da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos e de Promoção da Paz; dos conselhos estaduais de Direitos Humanos (CEDH) e de Segurança (Conseg); da Igreja Católica; do Centro de Gerenciamento de Crises da Polícia Militar, entre outras entidades.
Na reunião, foi definido que as entidades vão encaminhar um documento ao Conseg pedindo explicações sobre os fatos denunciados e cobrando medidas para coibir as práticas abusivas.

Relatos

Durante a conversa, os moradores do Cidade Sorriso relataram o que vem acontecendo durante as operações policiais. Eles garantiram que não são contrários à presença da Polícia na comunidade, mas cobram mais preparo por parte dos policiais e que, com isso, abusos sejam evitados.

Não somos contra a chegada da Polícia. Só queremos que a Polícia chegue na tranquilidade. Queremos que o governo do Estado e o município tragam políticas públicas para nos ajudar”, disse um dos moradores presentes à reunião. “A comunidade está assustada. Eles dizem que têm ‘carta branca’ para fazer e acontecer. Estamos nas mãos de Deus”, disse outra moradora que participou da conversa na OAB/AL, questionando, também, a falta de creches e escolas na comunidade.

Desvirtuamento

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AL, Daniel Nunes, que também é vice-presidente da Comissão Estadual de Proteção e Combate à Tortura e participou da reunião, o que está acontecendo é o total desvirtuamento das bases da Polícia Comunitária no Estado. “Temos acompanhado o que acontece no Cidade Sorriso e em crimes em outras regiões. O que estamos entendendo é que há o total desvirtuamento das bases comunitárias. Há uma doutrina de repressão em substituição ao trabalho de inteligência, que funcionava melhor”, disse.

Lamentamos profundamente que isso esteja acontecendo no Cidade Sorriso, que fazia parte de um plano que foi abandonado. Já denunciamos que essa política de repressão não funciona. Esperamos que o novo secretário de Estado de Defesa Social retome a doutrina originária das bases. Repressão sem planejamento não funciona. Em longo prazo, vai criar um divórcio entre a comunidade e a Polícia”, acrescentou Daniel Nunes.

Ele também afirmou: “Esperamos que a serenidade e a prudência retornem. Que essa doutrina das bases comunitárias retornem ao seu início. Cadê essa doutrina? Foi enterrada pelo governo do Estado? O governo tem responsabilidade nisso. Precisamos fazer essa pergunta ao governo. Vamos ficar com a política da morte? Esperamos que prevaleça a política da vida”.