O neurocirurgião, Thiago Fortes, que faz parte do corpo médico da neurointensiva – UTI neurológica do Hospital Memorial Arthur Ramos – explica que existe uma dificuldade no diagnóstico já que em 2/3 dos casos não é possível identificar nenhum fator desencadeante ou causa. “O maestro João Carlos Martins é um dos portadores desta patologia, e no seu relato, ele conta que aos 13 anos apresentou os primeiros sintomas e ao procurar um diagnóstico para o que sentia, ainda jovem, não encontrou muita informação. Somente aos 18 anos de idade, conseguiu ser diagnosticado com distonia focal“, pontuou.
Thiago conta que a distonia costuma acometer qualquer área do corpo, como mãos, pernas, olhos, cordas vocais e em casos mais raros pode progredir até o indivíduo ficar completamente imobilizado. “Ela surge devido a um problema cerebral, no sistema nervoso, responsável por controlar o movimento muscular. Pode ser genético ou decorrente de uma doença ou lesão, como por exemplo, AVC, doenças de Parkinson, pancada na cabeça ou encefalite“, disse.
O médico pontua a distonia não tem cura, mas os espasmos musculares podem ser controlados com o tratamento feito com injeções de toxina botulínica, conhecida como botox, medicamentos, fisioterapia ou cirurgia. “O principal objetivo do tratamento é controlar as contrações musculares involuntárias e, consequentemente, melhorar a aparência e a qualidade de vida da pessoa“, informou.
O tratamento cirúrgico para distonia pode ser uma opção para indivíduos cujos sintomas não respondem a medicamentos orais ou injeções de toxina botulínica. Segundo, o neurocirurgião ele pode ser feito através de duas técnicas: estimulação cerebral profunda e desnervação periférica seletiva. “A cirurgia visa interromper a comunicação defeituosa entre o cérebro e os músculos que estão causando os movimentos involuntários. Ela trata os sintomas e melhora a função, mas não cura totalmente a doença“, falou.
Thiago Fortes ressalta que como toda intervenção cirúrgica, ela também pode apresentar riscos, por isso, o sucesso de qualquer procedimento está vinculado ao diagnóstico adequado, na experiência da equipe clínica e na habilidade do neurocirurgião.