Alberto Youssef diz que Collor participou de esquema entre BR Distribuidora e rede de postos de combustíveis
Por: PrimeiraEdição
A oposição protocolou na manhã desta segunda-feira, (2), centenas de pedidos para convocação e quebra de sigilos na CPI da Petrobras da Câmara. Os requerimentos são analisados pela comissão pela ordem de entrega, por isso houve uma corrida dos partidos para garantir os primeiros lugares.
Já foram protocolados requerimentos do PR, PSB, PT, PSOL, PPS, DEM e PSDB.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), pede que juiz Sergio Moro, responsável pela operação Lava-Jato, seja convidado a prestar esclarecimentos à CPI. O deputado também pede a convocação do atual presidente da estatal, Aldemir Bendini; do ex-diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró; e do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
Os dois partidos entraram com pedido para criação de subrelatorias. Os tucanos pedem à 13ª Vara Federal do Paraná cópia integral do processo da operação Lava-Jato, solicitam também que o Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministério da Justiça e o Ministério Público Federal (MPF) compartilhem informações sobre as investigações do esquema de corrupção na Petrobras.
Entre os requerimentos estão o de convocação para ouvir o ex-ministro José Dirceu, o tesoureiro do PT João Vaccari Neto, ex-ministro Antonio Palocci, o senador Fernando Collor (PTB-AL), o ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque.
A oposição também quer que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, explique porque se encontrou com advogados das empreiteiras investigadas na operação Lava-Jato
O depoimento de Pedro Barusco, segundo requerimento da deputada federal Eliziane Gama (PPS-MA), “é de extrema importância para a CPI”. Barusco foi braço direito de Renato Duque e chegou ao cargo por indicação de José Dirceu.
Denúncia
Collor aparece como o receptor de R$ 3 milhões de reais, que seriam oriundos de propina paga por um contrato com a BR Distribuidora, uma subsidiária da petroleira. É a terceira vez que o nome do senador aparece na investigação, mas é a primeira em que há detalhes de como teria sido a participação dele no esquema.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo em sua edição de 17 de fevereiro deste ano, o ex-presidente foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef, em um depoimento dado entre outubro e novembro do ano passado à força-tarefa da Operação Lava Jato, como o destinatário do dinheiro. O valor teria sido pago, segundo o doleiro, em 2012, em troca de um contrato de 300 milhões de reais feito entre uma rede de postos de combustíveis e a BR Distribuidora. A versão de Youssef foi repetida neste mês, em depoimento à Procuradoria-Geral da República.
O dinheiro teria sido entregue ao operador do esquema, o empresário Pedro Paulo Leoni Ramos, amigo pessoal de Collor e ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos durante o Governo do ex-presidente (1990 e 1992). Ramos também é investigado pela Operação Lava Jato por um repasse de 4,3 milhões de reais feito por uma de suas empresas para a MO Consultoria, de Youssef. Quando era ministro do Governo Collor, ele foi acusado de envolvimento em um esquema da Petrobras, mas nada foi comprovado na époc
Segundo o doleiro Youssef no depoimento citado pelo jornal, todos sabiam que Ramos era um emissário do senador e que a propina em troca do contrato, paga em três parcelas de um milhão em dinheiro vivo, seria entregue a Fernando Collor que tem afirmado que não conhece e jamais manteve qualquer relação política ou pessoal com Youssef preso desde março do ano passado durante operação da Polícia Federal (PF).
“Quanto ao Youssef, posso afirmar de modo categórico, que não o conheço e jamais mantive com ele qualquer relacionamento de ordem pessoal e política”, declarou Collor na época
Logo após o escândalo o juiz federal do Paraná Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os policiais federais apreenderam no escritório de Youssef oito comprovantes de depósitos bancários que tiveram Collor como beneficiário. No entanto, o magistrado ressalvou à Suprema Corte “que não há qualquer indício” do envolvimento do senador com o esquema criminoso investigado pela PF.