Preconceito e escolha pela cor, os verdadeiros culpados pelo desemprego no Brasil!
Conteúdo publicado por Divulgação em: 19/11/2017 às 8:27h.
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Diogo Santana Rodrigues é Formado em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, pelo Centro Universitário Cesmac. Formou-se em 2013.

Na última semana fiquei bastante perplexo e chocado, quando vi o noticiário divulgar informações vergonhosas sobre o desemprego no Brasil, em minha visão eu achava que o maior problema que desencadeava o desemprego no Brasil era a questão da falta adequada de qualificação, mais ao que pude ver existe um fator ainda mais sério por trás de todo esse desemprego, que deixa ainda mais claro que as propagandas em que o Brasil prega ser o país das igualdades sociais são totalmente enganosas.

Acontece que uma pesquisa divulgada nessa ultima semana que passou, mostra que dos 13 milhões de desempregados no Brasil, 63% são negros e pardos, com essa informação é fácil chegar a conclusão de que além da falta de qualificação há também um fator muito agravante por trás dessa crise, que ao meu ver, seria a questão do preconceito, mais claramente falando, ao que parece a classe empregadora do país só está dando oportunidades a brancos.

O que é pior, é o fato de tal pesquisa vergonhosa ser anunciada em plena semana em que comemoramos uma data muito importante no Brasil, mais precisamente no dia 19 de novembro, eu me refiro ao dia da Consciência Negra, dia marcado pela grande resistência negra, simbolizado pelo eterno líder Zumbi.

Mais o que mais me deixa surpreso é saber que em pleno século XXI, ainda exista certos pensamentos que eu chamo de pré – históricos, ou seja, as pessoas de hoje vivem como se o tempo não tivesse passado em suas mentes, é como se estivessem aqui no século atual, mais suas mentes ainda permanecessem no passado, alimentadas por regras e princípios antigos.

É hora de repensar os conceitos, por que escolher mão de obra por cor, raça ou etnia só levará a classe empregadora a adquirir mãos de obras de brancos muitas vezes sem conteúdo, temos que levar em conta que na hora de contratar não importa a cor, origem, religião e etc…, mais sim o conteúdo, bagagem e conhecimento que se tem para compartilhar com as atuais e futuras gerações, eu acredito muito que esse preconceito de cor não seja um bom exemplo para as atuais e posteriores gerações que virão.

Acredito que a classe empregadora desse país esta esquecendo que o Brasil é formado por pessoas frutos de uma mistura de várias etnias e origens diferentes e que isso deve ser sempre respeitado.

Falando em preconceito racial, isso me lembra um episódio que talvez muitos não conheçam, até por que para isso é preciso ser um leitor assíduo das origens, verdades e mitos por trás da história do Brasil, trata-se de algo relacionado a verdade por trás da assinatura da famosa Lei Áurea.

Bom, a verdade é que a lei áurea é uma verdadeira farsa da historia de nosso país, eu sei vocês querem entender melhor essa história, então vamos ao que interessa.

Acontece que no momento em que a ta Lei Áurea foi assinada, menos de 5% da população negra era escrava, ou seja, já não existia mais a escravidão, a abolição da escravatura nada mais foi do que uma jogada de marketing político na qual primeiro a Princesa Izabel se sobressai como uma governante humanista, e como principal motivo, a lei só foi criada com o verdadeiro objetivo de impedir uma rebelião negra, nos moldes do Haiti, no final do século VIII e inicio do século XIX, influenciados pela revolução francesa, uma população de mais de meio milhão de negros haitianos se rebelou contra cerca de 30 mil brancos e os massacrou.

O temor dos brancos os levaria a algumas medidas que implicaria na redução da população de negros. Primeiro foi a Guerra do Paraguai (1864-1870), que funcionou como um excelente instrumento para aliviar a elite dominante da ameaça de o povo negro tomar o poder, pela força, em função da sua superioridade numérica que se acentuava em relação à população branca.

A promessa de liberdade para os negros escravos e de terras para os negros livres que lutassem na guerra foi uma armadilha para a dizimação de grande parte dos negros. Ademais, aos fazendeiros brancos havia o privilégio de enviar negros escravos para a guerra em seus lugares e nos lugares de seus filhos.A Lei do Ventre Livre (1871), festejada como uma conquista, viria a ser um fator de desagregação da família negra e daria origem aos primeiros meninos de rua; ela, na prática, apenas desobrigava os fazendeiros de sustentar as crianças negras, improdutivas sob o ponto de vista econômico. A Lei do Sexagenário (1875) não seria diferente da primeira: sob o manto de um falso humanismo que premiava com a liberdade os escravos idosos e decrépitos, essa lei permitia aos fazendeiros se despojarem do ônus da manutenção de escravos improdutivos pela velhice e criaria uma multidão de mendigos negros que, de repente, se viram livres do trabalho escravo, mas sem qualquer meio de se sustentar.

Por ocasião da Abolição da Escravatura já havia o investimento na vinda de imigrantes europeus, que logo depois foi intensificado, para ocupar o lugar dos negros, porém, como mão-de-obra assalariada. Era a busca do embranquecimento da população brasileira. Uma grande massa de população negra vai se concentrar nos centros urbanos e o processo de industrialização emergente no país não os absorve enquanto classe trabalhadora. Cresce nas ruas o número de mendigos, alcoólatras e de pessoas que se vêem obrigadas a praticar pequenos delitos para sobreviverem; esse fenômeno alimenta o preconceito contra os negros que se mantém até os dias atuais.

O fim da escravidão no Brasil foi fruto de um processo que envolve a resistência de parte da população negra, a ação de abolicionistas e a exigência do próprio sistema capitalista que via nisto a ampliação de um mercado consumidor. A “Lei Áurea” é uma referência, mas não trouxe a abolição, como prega a ideologia da classe dominante, e os efeitos do período de escravidão ainda se fazem presentes. Apesar dos avanços sociais, econômicos e políticos que alcançamos, ainda há muitos afro-descendentes sem acesso ao trabalho, à educação, à saúde, a condições dignas de vida.

Com isso chegamos à conclusão de que a Lei Áurea simplesmente não foi criada e assinada realmente pela preocupação com o sofrimentos de nossos irmãos, mais sim para apaziguar um medo de um confronto dos negros contra a classe dominante da época, ou seja (os brancos).

Encerro esse post, deixando aqui todo o meu respeito e profunda admiração aos meus irmãos negros e a minha profunda e eterna admiração a todos os seus feitos em nossa história, sua resistência e bravura para vencer todas as injustiças proferidas a eles. Tenho orgulho em ser parte da terra de um dos maiores heróis da história negra desse país, meus parabéns e profundas saudações respeitosas ao eterno Zumbi dos Palmares.