Por Leniclécio Miguel
[singlepic id=10630 w=520 h=440 float=right]Foi assim que despertei para a conversa. Noite de terça-feira, e uma conversa amigável na internet. De um lado, uma amiga de pouco tempo, mas que já tem grande sentido em minha vida. Do outro lado, eu, um pouco triste, pensativo, reflexivo… Acredito que vivendo uma das minhas crises existenciais. Mas não é disto que eu quero falar. A conversa fluía normalmente, falávamos de relacionamento, amor, desilusão, tristezas, ser feliz um dia. E por um instante, a “ouvi” escrevendo: “Quem sabe um dia…” E logo assim, perguntei: “Posso escrever um texto com essa sua última frase?”. Ela respondeu: “Sim, claro que pode.” Então, aqui está:
Quem sabe um dia é pouco, é pouco para os que amam, os que vivem, os que sorriem. Mas… Um dia é muito para os que esperam, para os que sofrem, os que esmorecem. Um dia pode resolver sua vida, ou aumentar os problemas que existem nela. Um dia cura, um dia salva, um dia também traz mais adversidades. Mas por que um dia? A gente pensa que um dia se refere a 24 horas, mas não é. Um dia, nesse contexto, quer dizer: Quem sabe um dia de uma eternidade. Porque, para os amantes um dia é pouco; só dá tempo de uns beijinhos, uns abraços, quem sabe algo mais.
Foi em um dia, algum dia, que o amor surgiu em mim. Surgiu o romance, mesmo piegas. E será em algum dia, que o que foi escrito vai ser consumado. Quem sabe em outra vida? No meu caso, não mais. Porque eu aproveitei o que tinha que aproveitar nesta vida. O que aconteceu foi a única coisa que poderia ter acontecido. Mas por que a gente não se conforma? Egoísmo? Solidão? Excentricidade? Não sei, mas cada um sabe o motivo que lhe resguarda esses sentidos.
E quem sabe algum dia retorne, somente para que a gente diga um adeus mais demorado, daqueles que olhamos nos olhos e dizemos às lágrimas. Ou não, mas para que possamos colocar em prática aquela famosa máxima que diz: “O que é seu, volta com o tempo.” Neste dilema, nessas duas situações, a gente se lembra de que ainda há um coração. E que mesmo cansado, triste, tripudiado, ainda bate. Ele bate por um sentido, ele espera. É como o hibernar de um urso polar. Um dia, o urso acorda e diz: “O sol, o verão, as flores. Agora é hora de viver.” E levanta, se despoja, e segue a sua vida rumo ao novo dia. Quem sabe não será assim conosco, quem sabe um dia?
Enquanto isso se divaga em silêncios audíveis, paixões abruptas, sensações. Percebemos o novo, mas ficamos presos ao velho. Porque, ainda estamos sentindo a perda, mesmo que seja aos poucos… E ainda esperamos a resposta de nossa oração: “Quem sabe um dia…”.